terça-feira, 5 de outubro de 2010

"Seu Batismo com Fogo"

São José do Calçado era ainda uma pequena vila quando, em 1909, foi palco de um acontecimento de repercussão em todo o país, principalmente no estado do Espírito Santo. Um grupo de aproximadamente cem manifestantes católicos, pelo menos assim se apelidavam, após uma procissão, depredaram e incendiaram o templo dos presbiterianos construído no alto da cidade, quase na descida da antiga Ladeira dos Linhares. Fato considerado uma das mais odiosas manifestações de intolerância religiosa da era pós-repúblicana.
Antes do Acontecido, o Rev. Constâncio Homero Omegna, primeiro pastor Presbiteriano a residir no estado do Espírito Santo, adquiriu do Pe. Júlio Freour, então responsável pela igreja católica romana da cidade, um pequeno órgão o que demonstrava que havia boa relação do Pastor com o então Padre. Porém, esta flexibilidade provocava em algumas famílias tradicionais um certo desconforto, até que através de um abaixo assinado conseguiram substituí-lo pelo Pe. Elias Tommassi.
Padre esse que veio com a incumbência de erradicar o presbiterianismo na região, e já nos primeiros dias, começou a pregar ódio e intolerância aos adeptos da nova crença. O fato de a igreja presbiteriana estar mais bem organizada em vários aspectos que a católica era uma das razões que contribuíam para o ódio dos então  adversários.
A partir disso foram surgindo vários boatos envolvendo os presbiterianos como: uma caixa de santos quebrados a pauladas, o uso de um dos santos como cabide na casa do presbiteriano Pedro Euzébio. Além disso, Romão Batista teria jogado um crucifixo no Rio Calçado e por isso estava secando, e desde fevereiro daquele ano (1907) não chovia o que ocasionou um período de grande seca no estado. Partindo desse boato, Pe. Elias depois de uma missa, organizou uma procissão para pedir chuva e culpar os crentes pela seca. Essa procissão, ao passar pela casa de Joaquim Saldanha, foi surpreendida pelo som de hinos presbiterianos, acompanhados pelo órgão que tinha sido do padre Júlio. Houve um princípio de invasão na casa do Joaquim onde tentaram retirar o órgão da casa.
No dia 9 de março, houve uma nova procissão, intencionalmente programada pelo Pe. Elias. Dessa vez com a intenção de resgatar o tal santo que servia de cabide na casa de Pedro Euzébio e o crucifixo que foi atirado no Rio Calçado por Romão Batista. Pe. Elias preferiu ficar alheio a situação e viajou para Bom Jesus.
Após terem ido a casa de Pedro Euzébio e não terem encontrado o “santo cabide” e mergulhado no Rio Calçado e também não terem encontrado o crucifixo se dirigiram ao templo da igreja Presbiteriana. Sob o comando do subdelegado da região Sr. João Pio de Carvalho um grupo de aproximadamente 100 pessoas depredou e ateou fogo no 1º templo da Igreja Presbiteriana de São José do Calçado.
O Novo templo foi construído em 1912 em outro local e hoje é patrimônio histórico da cidade de São José do Calçado e da Igreja Presbiteriana do Brasil.   
Foto Hístórica do do Incêndio Criminoso
Hoje a Igreja Presbiteiana de São José do Calçado permanece nesta cidade como referencial na pregação do evangelho. Se não fosse a persistência desta igreja talvez muitas outras denominações que aqui existem não poderiam ter o direito de fazer parte da história desta cidade. A convivência hoje é pacífica entre católicos e protestante. Louvado seja Deus por isso!   

Extraído e adaptado  do Livro “Uma Igreja Centenária “ de Anderson Sathler. Paginas 96 – 102. Ano 2003 – Igreja Presbiteriana do Brasil. 

2 comentários:

  1. Ola prezados amigos da IPB de São José do Calçado. Minha história e de toda minha familia está ligada diretamente como a História da Igreja de vocês. Meus Bisavós foram membros dessa ilustre igreja antes e depois de ser queimada no inicio do Século. Hoje nossa familia ainda na sua grande maioria é presbiteriana, temos diversos pastores e alguns outros foram para outras denominações. A Segunda Geração junto com a terceira geração (Meus avós, tios e pais) fundaram uma IPB , que vai fazer no próximo ano 35 anos. A Igreja Presbiteriana Monte Horebe da Figueira(Duque de Caxias, RJ). Esta ainda em meus planos visitar a sua igreja para aprender mais da história de vocês e ver onde tudo começou. Meus Bisavós se chamavam Miguel dos Reis e Caetana dos Reis. Alguns de meus tios mais velhos ainda pequenos chegaram frequentar essa igreja antes de meus avós e tios-avós partirem para Santa Maria de Campos para trabalhar nas Usinas de Cana de Açucar. Com a queda do Alcool, eles se mudaram para Xerém para trabalhar na Fabrica Nacional de Motores e passaram a frequentar a IPB de Mantiquira, com o decorrer de um conflito teológico entre os membros de minha familia e o pastor dessa igreja, no inicio dos anos 70 , minha familia junto com alguns membros fundaram uma congregação Presbiteriana que depois se tornou igreja e nesse ano completa nesse mês 34 anos. Eu mesmo pequeno estou no rol de membros fundadores, pois fui batizado ainda criança.

    Pesquisando na Internet achei um site com a foto da Igreja e com os membros na frente : http://www.broinha.com.br/ordem/memorial_da_igreja_presbiterina.htm

    Seria possivel conseguirem me enviar uma cópia da foto original e maior resolução? Pois essa do site está com pouco resolução.



    Aguardo um contato de vocês. Meu e-mail é haaj@uol.com.br

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  2. Sou de São Jose do Calçado, da Primeira Igreja Batista de lá e ha muitos anos moro no rio e sou Ministro de Musica. Gostaria de saber alguma informaçao sobre um amigo meu, Vanderlei, que tocava violão, amigo do Luciano, que morava perto da igreja Presbiteria tambem. O Vanderlei me ensinou a tocar violao e foi um grande amigo que perdi o contato. Desde ja agradeço. Qualquer informaçao alexpianist@hotmail.com

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